“As associações não estão conduzindo este estudo. Agora, o Governo está conduzindo os estudos através da Infraestruturas de Portugal (IP). Sinalizamos claramente que consideramos isso uma prioridade e, juntamente com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, realizaremos todos os estudos necessários para avaliar a melhor solução para um distrito que não tem acesso ferroviário há 33 anos”, disse Miguel Pinto Luz.
Segundo o governador, essa é “a primeira vez que o Estado desenvolve concretamente esses estudos, e não há outros estudos”. Em causa estão estudos de viabilidade para a potencial construção de uma ligação ferroviária de alta velocidade entre Porto, Vila Real, Bragança e a fronteira espanhola, com a possibilidade de uma ligação a Sanábria/Zamora
.“A diferença é que o governo português, além das ligações Lisboa-Vigo e Lisboa-Madrid, priorizou Porto-Bragança-Zamora, Aveiro-Salamanca e Huelva-Sevilha. Se não conduzirmos os estudos e projetos de design, não veremos nenhum trabalho. Todos estamos fartos de promessas”, sublinhou Miguel Pinto Luz
.O ministro das Infraestruturas e da Habitação falava à margem da cerimónia de assinatura do acordo sobre estudos de viabilidade da linha de alta velocidade de Trás-os-Montes, que decorreu no auditório do Teatro Municipal de Bragança. O acordo de colaboração assinado hoje entre a IP, a CCDR-N e a Comunidade Intermunicipal de Terras de Trás-os-Montes, que visa desenvolver estudos de viabilidade para a eventual construção desta ligação ferroviária, implementa, segundo o Ministério das Infraestruturas e Habitação, “uma das prioridades estabelecidas para o investimento ferroviário” pelo anterior governo, como parte do Plano Ferroviário Nacional (PFN), aprovado
em abril.O PFN define diretrizes de longo prazo para o investimento em uma rede ferroviária moderna, sustentável e interconectada, capaz de apoiar novos serviços de mobilidade e transporte de mercadorias, garantindo a plena integração nas redes transeuropeias de transporte.
De acordo com o acordo, a CCDR-N realizará atividades de planejamento de investimento público e a preparação de estudos de diagnóstico regional que garantirão o desenvolvimento de redes de infraestrutura e serviços públicos de forma territorialmente coerente e em escala regional, identificando sistematicamente oportunidades e fatores críticos de desenvolvimento. O CIM-TTM está comprometido com o desenvolvimento regional, promovendo a coesão entre seus municípios e aumentando o valor do território, incluindo a promoção de melhores conexões de transporte, particularmente ferroviárias, como um fator chave
na conectividade e competitividade.A IP, por sua vez, é responsável pela concepção, projeto, construção, financiamento, manutenção, operação, requalificação, expansão e modernização das redes rodoviárias e ferroviárias nacionais.
O presidente da CIM-TTM, Pedro Lima, disse que o acordo poderia demonstrar “um Portugal inteiro, eliminando a necessidade de regiões interiores ou costeiras, e que Trás-os-Montes está no centro de uma vasta região peninsular, e tudo isso é uma questão de justiça”.
No final da cimeira luso-espanhola, realizada em outubro em Faro, Luís Montenegro anunciou que a ligação ferroviária Porto-Zamora está em estudo “para ser mais desenvolvida nos próximos anos”, acrescentando-a assim à lista de investimentos a serem coordenados com Espanha.