Em uma coletiva de imprensa on-line, os jovens disseram que estavam nervosos com a decisão marcada para 9 de abril, mas acrescentaram que acreditavam que a CEDH provaria que eles estavam certos.
A motivação para a denúncia foram os grandes incêndios de 2017, que os jovens dizem ter causado muita ansiedade e que consideram ser o resultado das mudanças climáticas.
André Oliveira, um dos jovens queixosos, lembrou que desde então a situação climática se deteriorou, que os meses e anos quebraram recordes de temperatura e que Portugal está experimentando um clima tropical. “Me assusta pensar no que acontecerá nos próximos anos”, disse ele.
Sofia Oliveira acrescentou que os fenómenos meteorológicos extremos da onda de calor, como um pequeno tornado na semana passada, nos arredores de Lisboa, também justificam a ansiedade que, diz, os jovens sentem em relação ao clima.
Inspiração
Apesar de estarem ansiosos com a decisão, jovens, como Catarina Mota, acreditam que a razão está do lado deles e que, seja qual for o veredicto, a ação servirá para inspirar as pessoas a agir e pressionar seus governos a fazerem mais pela defesa
do meio ambiente.“Esperamos que a CEDH prove que estamos certos, esperamos que os governos sejam forçados a reduzir suas emissões” de dióxido de carbono, acrescentou a jovem.
O caso dos seis jovens portugueses é considerado em conjunto com outros dois casos, um contra a Suíça e outro contra a França. André Oliveira disse na conferência de imprensa que não acredita que os três casos sejam rejeitados e considerou que se pelo menos um vencer, é de todos
.Se a CEDH achar que estão certos, a luta contra as mudanças climáticas entrará em outro nível, destacou o advogado juvenil Gerry Liston, que faz parte da organização sem fins lucrativos “Global Legal Action Network” e que participou da conferência, também destacou na coletiva de imprensa, à qual também se juntou o diretor da organização, Gearóid Ó Quinn.
Salientando que os governos têm a obrigação de proteger as populações das mudanças climáticas, o advogado também disse que esse caso pode levar outras pessoas, em outros países, a apresentar queixas contra governos que não cumprem essa obrigação.
Em 27 de setembro do ano passado, os seis jovens foram ouvidos na CEDH, tendo então considerado que os Estados haviam desvalorizado as mudanças climáticas e ignorado evidências.
Apelar aos tribunais em relação à inação dos países em relação às mudanças climáticas é cada vez mais comum, indica um relatório recente da ONU, segundo o qual os casos mais que dobraram em cinco anos.
A leitura da decisão, em audiência pública, está marcada para 9 de abril às 9h30 (hora de Portugal Continental).