Durante uma reunião na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes explicou que o grupo inclui uma “personalidade de reconhecido mérito” e representantes das Direções Gerais da Educação e das Escolas e dos gabinetes dos Ministérios da Juventude e da Educação.
Este grupo vai “estudar o fenômeno”, propor uma “campanha nacional sobre os efeitos devastadores do bullying” e propor a criação de “materiais para todos os envolvidos no ambiente escolar, guias para técnicos e professores e infográficos para estudantes”, bem como “recomendações concretas para o próximo ano letivo” e uma proposta de “mecanismo de denúncia eficaz”, disse o ministro aos deputados.
Em declarações à Lusa, o ministro explicou que, até dezembro, o grupo deveria “preparar uma campanha nacional para combater e prevenir o bullying”, criar “um guia do ponto de vista operacional para os assistentes operacionais saberem como agir” nesses casos, um guia para professores e informações para os alunos, para que eles “entendam se são potenciais vítimas de bullying, mas também os colegas que os rodeiam”.
Também será criado um documento infográfico sobre “o que é bullying, o que eles devem fazer, com quem devem conversar. Esse aspecto é muito importante”, explicou o ministro.
“Outra tarefa deste grupo será propor um canal de reportagem para esse tipo de situações” e “uma investigação” também será realizada para “diagnosticar a situação atual”, disse Balseiro Lopes.
O grupo também “ouvirá especialistas e entidades relacionadas ao tema”, a fim de reunir outras contribuições, acrescentou, dando o exemplo das forças de segurança — que têm o projeto Escola Segura — ou especialistas em bullying online.
O tema é “muito importante” e “temos que realmente abordar o problema de forma integrada” para que as escolas possam então implementar o plano de combate ao bullying, disse Margarida Balseiro Lopes.
Esfaqueamento
O anúncio foi feito após um incidente que resultou em um estudante esfaqueando colegas de classe em uma escola na
Azambuja.O aluno da escola primária de Azambuja que esfaqueou seis colegas na terça-feira foi suspenso preventivamente, revelou o Ministério da Educação, indicando que a direção da escola iniciou um processo disciplinar.
O Ministério da Educação, Ciência e Inovação informou que a direção dos grupos da Escola Primária 1, 2 e 3 da Azambuja, no distrito de Lisboa, “iniciou um processo disciplinar e determinou a suspensão preventiva do aluno” que atacou seus colegas.
Nesse contexto, o Ministério da Educação, liderado por Fernando Alexandre, também disse que está monitorando a evolução da situação clínica dos estudantes que estão hospitalizados, bem como do estudante que cometeu os ataques.
A Lusa perguntou se o aluno que atacou seis colegas seria transferido para outra escola, considerando o impacto que o incidente teve na comunidade escolar na Azambuja e se foi vítima de bullying, mas o Departamento de Educação não forneceu nenhuma informação adicional.
Na tarde de terça-feira, na escola primária de Azambuja, um estudante de 12 anos esfaqueou seis colegas de classe, com idades entre 12 e 14 anos, com uma delas, uma menina, ficando em estado grave.
O estudante responsável pelo ataque “foi detido em flagrante delito” e levado para um hospital “para avaliação psicológica”, disse à Lusa fonte policial.
Após o crime, o estudante foi mantido em uma sala de aula e foi vigiado por membros da GNR até ser interrogado pela Polícia Judiciária, que também realizou exames forenses no local.
Apesar de ter sido detido (como disseram também à Lusa outras fontes familiarizadas com o caso), o menor não enfrenta acusações criminais, pois tem menos de 16 anos.
A lei portuguesa prevê que um inquérito de tutela educacional pode ser aberto quando atos classificados como crime são cometidos por menores entre 12 e 16 anos.
Quando questionado sobre o histórico escolar do estudante de 12 anos responsável pelo ataque aos colegas, o prefeito de Azambuja indicou que, de acordo com informações da diretora da escola que foi sua professora no ano passado, “ele era um aluno como os outros, jogava [...], tudo estava perfeitamente normal, então nada o teria levado a ter tomado tal atitude”.
Silvino Lúcio rejeitou a ideia de que o estudante tenha sido vítima de bullying na escola e frisou que os motivos que levaram a essa agressão “são desconhecidos neste momento”, esperando que a investigação consiga descobrir o que a motivou.