De acordo com comunicado do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), a paralisação deve-se à insatisfação pelo reduzido número de trabalhadores nesse concelho do distrito de Aveiro, onde o número de funcionários tem sido “insuficiente para garantir a entrega eficiente do correio”.

O dirigente regional e nacional do SNTCT, António Pereira, disse ainda que a greve na sexta-feira vigorará em todo o horário de expediente e que, de segunda até ao dia 27, se concentrará no período das 08:30 às 10:30.

“Os correios estão mal em todo o país, mas Santa Maria da Feira é um caso completamente à parte, por ser caótico. Os giros são muito compridos e, se antes um carteiro já não chegava para o seu circuito e ainda tinha que fazer outro em paralelo, por haver muita gente em férias ou de baixa, agora está tudo muito pior, o correio vai-se acumulando e o que devia ser entregue no prazo de um a três dias úteis passou a demorar uma semana e até duas”, disse o sindicalista.

António Pereira reconhece que o absentismo é grande e que o município está preparado para entregar 200 artigos de correio expresso por dia, assegurando a respetiva entrega aos destinatários “em 12 a 24 horas”, mas, em média, “está a receber 300 a 500 diariamente – e ainda há pouco tempo acumulou 1.400 num único dia”.

A agravar a situação, o posto deixou de contar com uma empresa de transporte subcontratada para ajudar na distribuição do correio, porque, “face ao aumento de preço dos combustíveis, ela atualizou o preço do serviço e os CTT preferiram rescindir o contrato”, ficando assim com “menos três carrinhas e três pessoas para assegurar o trabalho”, disse.

Feitas as contas: “O centro de distribuição da Feira precisa urgentemente de mais quatro trabalhadores e quatro viaturas, no mínimo, só para assegurar a entrega do correio expresso, que envolve coisas de muita responsabilidade como faturas com prazos de pagamento, convocatórias para cirurgias, etc. Mas, no total, para eficiência geral de todos os serviços locais dos CTT, precisa de mais sete ou oito funcionários”.

A direção dos CTT, quando questionada pela Lusa, não respondeu a questões concretas como qual o número de profissionais em funções efetivas, o número de funcionários em baixa médica e a quantidade de correspondência média recebida diariamente na estrutura da Feira, mas admitiu “a existência de constrangimentos na distribuição postal no concelho”.

Segundo a empresa, esses problemas têm duas razões e a principal é “o elevado absentismo” registado no centro de distribuição, agravado nas duas últimas semanas por “infeções com covid, o que coloca uma pressão adicional sobre o normal funcionamento da rede”.

Contudo, os CTT asseguraram que “estão desde o primeiro dia a tentar mitigar essa situação, providenciando o reforço temporário de recursos através da contratação de mais colaboradores”.

Além disso, o “crescimento exponencial do e-commerce” é apontado como o segundo principal motivo, “o que se traduz para os CTT em desafios diários na gestão no centro de distribuição, face à elevada volumetria de tráfego rececionado diariamente”.

A empresa lamenta os constrangimentos e garante que “a situação ficará regularizada em breve pois de forma a reduzir as perturbações na distribuição, os CTT ativaram mecanismos de contingência como, por exemplo, a distribuição ao sábado, o reforço potencial do trabalho com contratação a termo e o recurso a sistemas de ajudas pontuais com prestadores de serviço”.