Por ser um empresário conhecido por ter laços de amizade com Vladimir Putin, Abramovich viu, a 15 de março, o seu nome a integrar a lista de oligarcas russos que sofreram medidas restritivas da UE.

Desde esse dia, todos os imóveis localizados nos 27 Estados-membros e identificados como sendo do multimilionário russo terão sido congelados. Além disso, o oligarca russo também foi impedido de aceder a fundos de cidadãos e empresas da UE.

Abramovich há cerca de um ano é cidadão português após ter adquirido a nacionalidade portuguesa ao abrigo de um processo para judeus sefarditas. Esse processo encontra-se a ser investigado, mas, por enquanto, e ao contrário dos outros oligarcas sem nacionalidade europeia, Abramovich tem a liberdade de viajar pelo espaço europeu.

De acordo com o jornal público, Abramovich tentou vender uma vivenda de 10 milhões de euros, localizada na Quinta do Lago, no Algarve. Apesar de não a ter tentado vender diretamente, esta operação chamou a atenção do banco (onde o promitente-comprador havia pedido um crédito habitação) que acabou mesmo por verificar que o imóvel pertencia a Abramovich, que tentava vender o imóvel através da empresa Millhouse Views LLC, a proprietária do ativo sediada nos EUA, que por sua vez é controlada pela Millhouse LLC, uma empresa detida por Roman Abramovich.

Perante estes factos, a Caixa Geral de Depósitos, onde um cidadão britânico que pretendia comprar o imóvel solicitou um crédito habitação no valor de 5 milhões de euros, acabou por alertar as autoridades portuguesas.

No final, o registo de propriedade ficou mesmo congelado a pedido do ministério dos Negócios Estrangeiros a 25 de março.

Esta informação, inicialmente avançada pelo Público, foi, entretanto, confirmada por João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros que salientou que “as sanções são tomadas muito a sério por Portugal e qualquer indivíduo sancionado que se julgue ter propriedades ou bens em Portugal será sempre investigado e, confirmando-se, os bens serão congelados”.

“Neste caso, temos a convicção forte, que ainda não é a confirmação plena, de que a vivenda pertence a Roman Abramovich e está congelada, o que significa que não pode ser vendida, hipotecada ou arrendada para qualquer tipo de proveito financeiro”, disse João Gomes Cravinho.

No entanto, o ministro explicou que nem sempre é fácil identificar estas transações imobiliárias uma vez que a propriedade de certos imóveis está em nomes de empresas detidas por outras, adiantando ainda que quando há uma suspeita o Banco de Portugal, a Polícia Judiciária, o Instituto dos Registos e do Notariado e os ministérios dos Negócios Estrangeiros e das Finanças, trabalham em conjunto para o apuramento da verdade.

“Quando temos suspeitas, investigamos, e a partir do momento em que temos conhecimento, agiremos de acordo com os nossos compromissos em relação aos parceiros da UE e da NATO”, concluiu João Gomes Cravinho.