O que é o som?

O som “é uma pressão de ar que chega ao nosso sistema auditivo”. Ou seja, um objeto que faça transmitir o som vai colocá-lo no ambiente gasoso em que vivemos através de vibrações que chegarão ao tímpano. Durante uma gravação, de uma canção por exemplo, o microfone irá captar as diferentes pressões de ar para de seguida convertê-las numa corrente elétrica. Segundo Hedisson Mota, a corrente elétrica é depois conservada “numa plataforma analógica como a fita magnética ou o vinil”, no entanto pode também ser convertida para uma plataforma digital, como discos rígidos ou a memória de um computador.

Som digital

O som pode soar diferente conforme o formato em que está a ser ouvido, independentemente de ser ouvido em meio digital ou analógico. Hedisson Mota está habituado a lidar com o som e a perceber as diferenças conforme o formato em que uma música está a ser tocada. O MP3, por exemplo, foi um formato que surgiu quase ao mesmo tempo que a internet, nos anos 90. O MP3 serviu como um formato mais leve, que as pessoas pudessem ouvir nos seus leitores pessoais. Para tornar o formato mais leve, são retiradas certas frequências de som, o que não acontece por exemplo num CD. De acordo com o profissional, o MP3 vai trazer “uma experiência satisfatória” ao ouvinte. Quanto ao CD, o som seria de alta-definição, contrariamente ao que acontece com o formato MP3.

A magia do vinil

De acordo com o profissional, “o som digital resulta de um processo não linear”, o que não acontece com as gravações em vinil, onde o som é gravado de forma contínua, não apagando nenhuma das nuances de som gravadas em estúdio. Apesar de o vinil não eliminar nenhuma das características do som, tem o problema na relação “entre o sinal e o ruído.” Ao ouvir-se um álbum gravado em vinil, há uma superfície em movimento, encostada a uma agulha, que faz atrito. O atrito pode traduzir-se em ruído, que se junta há possibilidade de detritos no disco que farão soar estalos e cliques, e aí começa, para muitos a magia do vinil.

Apesar de ser um fator subjetivo, Hedisson Mota acredita que o som mais quente da gravação vinil é o que apela mais os ouvintes. O profissional, que já trabalhou com vários cantores portugueses, acredita que “a emergência do vinil não tem somente a ver com questões de timbre.” O vinil acaba por ser um formato “com carácter”, contrariamente ao CD. Ainda que o CD tenha “um som mais limpo, mais definido e mais preciso”, não confere uma sonoridade natural. No caso do vinil, há quem acredite que o ruído de fundo traga uma verosimilhança maior em relação ao som original. Para além de que existe um sentimento de posse em relação à música ouvida por parte do ouvinte, que poderá inclusivamente sentir-se mais próximo do artista. Não obstante, o ritual de ouvir música no formato vinil, também pode conferir uma certa felicidade ao ouvinte que terá de pegar em todo o trabalho artístico que é a produção do objeto, desde a capa, ao disco propriamente dito.

Quem os compra?

Outra das razões apontadas para a emergência do vinil é a questão de apoio ao artista. Apesar de serem as plataformas de streaming, como o Spotify, a forma que os ouvintes mais ouvem música, para o artista, a nível monetário, o lucro é pequeno. Com a compra de vinis, por exemplo, o apoio ao artista acaba por ser mais direto. De acordo com Hedisson Mota, as estatísticas apontam que os compradores de vinil estão maioritariamente abaixo dos 35 anos, revelando que o interesse por esta forma de ouvir música reside acima de tudo nos jovens. Atualmente, o vinil está a ser mais comprado que o próprio CD, com um total de quatro a cinco porcento das vendas totais.

Hedisson Mota afirma ainda que o fenómeno do vinil ainda tem muito por onde caminhar, mas que pode ser interessante entender até onde é que pode chegar.


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Deeply in love with music and with a guilty pleasure in criminal cases, Bruno G. Santos decided to study Journalism and Communication, hoping to combine both passions into writing. The journalist is also a passionate traveller who likes to write about other cultures and discover the various hidden gems from Portugal and the world. Press card: 8463. 

Bruno G. Santos