Pelo menos dois animais de estimação são
abandonados diariamente. Não há dúvidas de que é urgente tomar uma atitude de
forma a contrariar estes números. Por isso, a Animalife tem vindo
a desempenhar um papel de relevo na proteção das famílias mais carenciadas de
forma a que possam manter os seus animais.
Ao ajudar os donos, a Animalife já impediu
que vários animais fossem deixados sós. A associação, oficialmente constituída
em 2011, fornece alimentação, vacinação, cobre ainda os custos dos cuidados
veterinários obrigatórios e por vezes até ajudam com despesas extraordinárias,
tais como o pagamento de voos quando os proprietários precisam de regressar aos
seus países de origem e não têm possibilidade financeira para o fazer.
Uma associação diferente
Esta associação distingue-se das demais.
"A Animalife é uma associação diferente das outras
associações que existem no país. A Animalife tenta de
alguma forma combater o abandono dos animais em Portugal enquanto que as
associações que certamente conhece e que existem pelo país têm uma missão
centrada nos animais abandonos que forma a encontrar famílias que possam dar um
novo lar", explicou Rodrigo Livreiro, presidente da Animalife.
Também ajudam com algumas despesas
obrigatórias que os proprietários de animais de estimação são por lei obrigados
a cumprir. "Não queremos que as famílias sejam punidas por serem pobres,
por isso tentamos encontrar soluções para regularizar esta matéria. Também esterilizamos
estes animais. Muitas destas famílias, porque não têm dinheiro, acabam por
deixar os seus animais reproduzir-se - por vezes têm ninhadas indesejadas -, e
isto contribui para o elevado número de animais que temos em Portugal",
disse.
"Temos mais animais do que casas com
capacidade para os acolher. Portanto, a esterilização dos animais é importante
para nós controlarmos a população animal existente", acrescentou.
A vida muda
"Quando as pessoas adotam, normalmente
fazem-no com consciência, mas as condições de vida podem mudar" e é
exatamente aí que as pessoas precisam de mais apoio. E a guerra na Ucrânia veio
dar bom um exemplo disso.
"Por exemplo, há milhares de pessoas que
deixam a Ucrânia com os seus animais e não têm para onde ir. Sabemos que
existem algumas associações que prestam apoio às famílias, quer no pagamento de
alojamento ou despesas relacionadas com o alojamento, mas não incluem os
animais, pelo que as pessoas são pressionadas a dar os seus animais a um canil
sobrelotado", alertou.
Na maior parte das vezes: "as principais
razões pelas quais as pessoas ligam para as associações e o que leva muitas
pessoas a abandonarem os seus animais são as dificuldades financeiras",
acrescentou.
"Há pessoas que estão dispostas a fazer
de tudo para não se separar dos seus animais, incluindo viver na rua e mais uma
vez alerto para esta questão relacionada com a Ucrânia de pessoas que estão a
atravessar cidades em que não vão deixar os seus companheiros, compete às
associações de apoio social, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, ter uma
resposta social integrada e é isso que nós não temos", salientou Rodrigo
Livreiro.
Pessoas em situação de sem-abrigo
Há muitas razões pelas quais alguém pode
acabar numa situação muito fragilizada. As pessoas podem perder a sua casa
"não só por despejo, mas também devido a um divórcio, um conflito familiar,
uma guerra".
No entanto, viver nas ruas não significa
menos amor pelos seus animais de estimação, na verdade, é exatamente o oposto.
"Pela nossa experiência no terreno, descobrimos que estes animais são
frequentemente muito bem tratados, apesar da rua ser a sua casa".
Tentar encontrar um lar nunca é fácil,
especialmente quando as pessoas vivem nas ruas sem quaisquer recursos, mas
torna-se um obstáculo ainda maior para estas pessoas quando têm um animal de
estimação.
"As respostas da habitação social são
limitadas porque as associações não têm os recursos, nem foram concebidas para
integrar os animais de estimação, porque os animais de estimação não eram
vistos como fazendo parte da família. Como tal, os proprietários de animais de
estimação foram pressionados a entregar os seus animais de estimação ao
canil".
Como ajudar a Animalife?
"As pessoas devem adotar animais de
estimação. A adoção de um animal é fundamental para ajudar as associações. Não
só a Animalife, mas a causa em si, para tirar os animais
dos abrigos, caso contrário viverão o resto das suas vidas numa caixa
confinada", Rodrigo disse ao The
Portugal News.
"Além disso, se as pessoas puderem e
quiserem, podem fazer trabalho voluntário não só na Animalife, mas nas
várias associações que se encontram nos mais diversos locais. No que diz
respeito à Animalife, é
fundamental que tenhamos o apoio das pessoas para que possamos suportar as
despesas que temos de pagar pelas pessoas que dependem de nós", acrescentou.
Se desejar saber mais sobre o trabalho que
esta associação realiza ou se quiser contribuir de alguma forma para a sua
causa, por favor, consulte https://www.animalife.pt/pt/home.
Paula Martins is a fully qualified journalist, who finds writing a means of self-expression. She studied Journalism and Communication at University of Coimbra and recently Law in the Algarve. Press card: 8252