Para celebrar a marca, o órgão de comunicação, já adaptado ao meio digital, tratará 50 episódios do podcast “Liberdade para Pensar”, o slogan do jornal. No primeiro episódio, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa e Francisco Ulrich, atual administrador do BPI, foram convidados, enquanto fundadores do jornal Expresso.

O jornal foi fundado a 6 de janeiro de 1973, por Francisco Pinto Balsemão, que já tinha experiência no meio editorial, não fosse ele neto do também Francisco Pinto Balsemão, proprietário de jornais, durante o século XX.

Marcelo Rebelo de Sousa foi convidado a integrar o jornal Expresso no Snack-Bar Flórida, onde aceitou integrar a equipa com várias funções, entre as quais colunista, com foco na área política. Durante um ano e meio, o atual Presidente da República ocupava funções de gestão do órgão de comunicação social. Muito jovem, aos 23 anos, ainda estudava e trabalhava como consultor jurídico.

No caso de Francisco Ulrich, aos 21 anos foi convidado a integrar a equipa, apesar das suas ambições se prenderem ao setor bancário. Aceitou o convite por curiosidade, ainda que não estivesse ligado às lutas políticas, que visavam cessar o regime ditatorial, na altura já liderado por Marcello Caetano. O atual chairman do BPI ficou responsável pela secção económica do jornal. Ulrich tratava de criticar a banca portuguesa, como tal, assinava os artigos como Francisco Marques, pois para além de ser novo tinha “medo de não ser credível” e receio “de incomodar as pessoas do setor que não estavam habituadas a tanta crítica.”

A censura era uma realidade e, por vezes, notícias, ou até mesmo edições completas podiam ver a sua publicação proibida pelas autoridades encarregues de avaliar os conteúdos a ser publicados. Marcelo Rebelo de Sousa revela que a crítica política sempre foi um dos alicerces do jornal, então, para fugirem à censura, as críticas eram partilhadas em forma de histórias, para que não existisse razão para censurar o texto apresentado.

Em detrimento da censura, Marcelo Rebelo de Sousa conta um episódio em que teve de se dirigir à casa de um coronel para autorizar a publicação de um artigo sobre um golpe de Estado na Grécia. A noite era chuvosa e fria e Marcelo levava consigo um cachecol oferecido pela mãe. Durante a conversa, e quase com o pedido recusado, o cachecol de Marcelo queima-se no aquecedor do coronel, tendo sido o motivo para que a notícia seguisse para a edição seguinte do semanário.

O Expresso era reconhecido pelas frentes revolucionárias como um parceiro. Francisco Ulrich contou que, após o 25 de abril de 1974, a Revolução dos Cravos, quando os militares iam libertar os presos políticos, pediu para acompanhar as forças armadas. Questionado sobre quem era, Ulrich disse integrar a equipa do Expresso. Foi aclamado pelas forças e seguiu caminho, junto dos militares, para assistir à libertação dos presos políticos, onde revela ter visto pessoas conhecidas a sair da prisão.

O jornal Expresso manteve o seu estatuto na imprensa portuguesa, mesmo após 50 anos. Adaptado também ao digital, o órgão de comunicação social continua a trazer notícias, artigos de opinião a todos os portugueses. Mais recentemente apostou nos podcasts, estando assim cada vez mais conectado aos tempos atuais, mas mantendo sempre os ideais.


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Deeply in love with music and with a guilty pleasure in criminal cases, Bruno G. Santos decided to study Journalism and Communication, hoping to combine both passions into writing. The journalist is also a passionate traveller who likes to write about other cultures and discover the various hidden gems from Portugal and the world. Press card: 8463. 

Bruno G. Santos