"Até agora, estamos satisfeitos. A segunda metade do mês promete ser melhor do que a primeira, com exceção da última semana, que só se enche à última hora. No entanto, temos razões para estar satisfeitos com os preparativos feitos para este mês de agosto, que é o pico" da época, resumiu Hélder Martins, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).
O dirigente da maior associação hoteleira do Algarve reconheceu que o sector tem aumentado os preços numa média de 8 a 10%, o que corresponde ao que considera ser o aumento dos produtos adquiridos para servir os turistas.
"Há mais dinheiro no sector hoteleiro? Houve um ligeiro aumento das receitas", afirmou Helder Martins, que não vê uma quebra acentuada no número de portugueses, que continuam a ser os principais clientes.
Segundo o diretor do sector do turismo, até pode haver menos portugueses no Algarve, mas "os bons hotéis, os excelentes hotéis do Algarve, têm como principais clientes, em grande parte, o cliente nacional, que pode pagar o preço que lhe é proposto".
Para Hélder Martins, o Algarve está a seguir um caminho de "reposicionamento para melhorar o produto" da oferta turística em detrimento da "massificação", que implica preços mais baixos.
"No ano passado, registou-se uma situação semelhante. Em julho, os portugueses baixaram ligeiramente e depois, em agosto, mantiveram-se iguais. Este ano, os portugueses também desceram em julho, e no final veremos o resultado de agosto", disse.
Taxa de ocupação
De acordo com os dados mensais da AHETA, a taxa de ocupação média por quarto nos hotéis algarvios foi de 83,6% em julho, um valor apenas 0,3 pontos percentuais inferior ao registado no mesmo mês de 2023.
A maior quebra registou-se nos turistas do mercado nacional (menos 2,3 pontos percentuais), que foi compensada pelos viajantes do estrangeiro, nomeadamente suecos (+0,8 pontos percentuais), holandeses (+0,4) e alemães (+0,3).
O presidente da AHETA salientou ainda a existência, "nos últimos anos, de algumas campanhas organizadas contra o Algarve", em referência a notícias sobre a falta de lugares na praia para as toalhas ou a falta de lugares para os carros.
"Este ano, começámos por dizer que há espaço para toalhas e para carros, logo, o Algarve está deserto, [o que é] mentira. Na semana seguinte, saiu uma notícia a dizer que os portugueses não vinham para o Algarve porque o preço de uma estadia começa nos 600 euros, [o que também é] mentira", afirmou.
"Conspiração"
"Acho que há uma conspiração contra o Algarve e não sei quem beneficia com isso" e "as redes sociais são excelentes para espalhar essas notícias", afirmou Hélder Martins, garantindo que o Algarve "está a sobreviver" e vai "lutar contra isso [as campanhas]".
O representante no Algarve da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), João Soares, corroborou a ideia de que "há uma campanha, que está a decorrer desde o início de junho", promovendo a existência de destinos mais acessíveis ou com maior oferta.
"Os empresários do Algarve não estão obcecados com perseguições, mas têm surgido algumas notícias que não fazem sentido", disse João Soares, acrescentando que, no que diz respeito às bolas de berlim, há outras regiões do país onde são mais caras e que se trata de "notícias especulativas".
O empresário representante da AHP no Algarve, que é também diretor do Hotel D. José, em Quarteira, garantiu que tem "o mesmo nível de ocupação e números semelhantes" aos de 2023.
"Há uma perceção que as pessoas têm de que há menos gente no Algarve, mas os números não indicam isso. Os números da hotelaria são semelhantes aos do ano passado e até há algumas unidades hoteleiras que estão a crescer. Não com dois dígitos, mas com um dígito", afirmou.