No dia 4 de dezembro de 1991, o Bolama zarpou da Docapesca, em Lisboa, por volta das 11 horas da manhã, com 30 homens a bordo, incluindo o seu proprietário José Esteves, para se fazer ao mar, numa zona a meio caminho entre Cascais e o Cabo Espichel, a apenas 15 km de Lisboa.
O objetivo desta curta viagem era testar o novo sistema de arrasto que tinha acabado de ser instalado no cais privado da "Atlântica", empresa do Grupo Salvador Caetano, a que pertencia também o armador do navio "Crustacil".
Duas horas mais tarde, por volta das 13 horas, o navio desapareceu sem deixar rasto e todas as tentativas de contacto ficaram sem resposta.
As tentativas frenéticas de localizar o Bolama continuaram durante os dias e semanas que se seguiram ao seu desaparecimento. As buscas envolveram vários navios e pequenas embarcações da Marinha e da Autoridade Marítima. Aviões da Força Aérea vasculharam a costa em missões de reconhecimento e barcos de pesca de Cascais examinaram as águas superficiais da zona para onde o navio se dirigia, à procura de quaisquer destroços flutuantes que pudessem estar associados ao Bolama. Não foi encontrado absolutamente nada, nem sequer uma boia de salvação, um bote salva-vidas, um colete de salvação ou uma palete de madeira.
Alguns dias após o desaparecimento, uma mulher russa, alegadamente a vidente pessoal de Gorbachev, "localizou o navio através das estrelas", navegando nas águas do arquipélago de Cabo Verde. As buscas foram então alargadas para sul com uma fragata da Marinha, um avião da Força Aérea e até um avião da companhia aérea comercial cabo-verdiana, mas mais uma vez as buscas foram infrutíferas.
Dois meses depois, após a recuperação de alguns corpos no mar junto ao Cabo Espichel, um Veículo de Operação Remota (ROV) do Instituto Hidrográfico, equipado com sonar e câmaras fotográficas e de vídeo, localizou e filmou finalmente o navio, afundado a 122 metros de profundidade, no rumo da entrada da barra sul do porto de Lisboa.
Um Mistério Marítimo
Até hoje, as autoridades marítimas e judiciais não conseguiram identificar as causas do naufrágio. Entretanto, o comentário mediático e a opinião pública deram origem a uma "tempestade perfeita" de hipóteses para a tragédia. Sabotagem da Mossad, supondo que o navio transportava urânio enriquecido para a Líbia de Kadhafi; contrabando de munições para o conflito em curso nos Balcãs; armas para os rebeldes que lutam pela independência da região de Casamanse do Senegal, ou ainda que um submarino da marinha portuguesa tivesse colidido com o Bolama ou ficado enredado nas suas redes.
Créditos: Imagem fornecida;
Quase 33 anos após a terrível perda inexplicável das 30 almas a bordo do Bolama, este trágico incidente foi quase esquecido, exceto, é claro, pelas famílias das vítimas. Mas a questão de saber o que realmente aconteceu naquela tarde fatídica continua a pesar na mente de muitos, incluindo aqueles que estão em melhor posição para resolver o mistério, devido aos seus conhecimentos técnicos e experiência em assuntos marítimos.
Porquê e como é que o Bolama desapareceu tão subitamente, afundando-se como uma pedra à vista da costa, num dia de tempo limpo e mar calmo, levando consigo todos os que estavam a bordo, na sua maioria pescadores experientes, e um comandante reconhecido pelos seus pares pela sua capacidade e competência?
"BOLAMA - Tragédia Anunciada"
É a esta pergunta que Paulo Sá, oficial reformado da Marinha, licenciado pela Escola Naval Portuguesa, Mestre em Arquitetura Naval e Engenheiro Oceânico pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), tenta responder no seu livro recentemente publicado "BOLAMA - Tragédia Anunciada" (Imprensa de Lisboa, ISBN 9789893775769), apresentado ao público no dia 2 de maio deste ano, na Academia de Marinha, instituição cultural da Marinha.
Paulo Sá, que esteve envolvido de perto na investigação da tragédia, desmascara os rumores e teorias da conspiração que ainda rodeiam o caso, fornecendo provas técnicas irrefutáveis do que poderão ser as verdadeiras causas do afundamento do Bolama.
"BOLAMA - Tragédia Anunciada" foi publicado pela Atlantic Books simultaneamente em Portugal e no Brasil, ao preço de 15,00 Euros em Portugal, 47,90 Reais no Brasil, e 5,00 Euros para o e-book. Pode ser adquirido em Lisboa na Livraria Martins - Av. Guerra Junqueiro, 18D. Guerra Junqueiro, 18D, ou online em Livrariaatlantico.com, Fnac.pt, Bertrand.pt e Wook.pt