Em conferência de imprensa realizada em frente ao Hospital de Faro, André Gomes, líder do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS-FNAM), anunciou que a greve inclui todos os profissionais de saúde que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região do Algarve.
“O que exigimos do governo é que ele tome medidas efetivas para reter profissionais aqui. Precisamos de mais médicos, mais enfermeiros, mais assistentes operacionais e técnicos para poder responder a essa situação, e isso só pode ser alcançado de uma maneira: valorizando carreiras, salários e preenchendo cargos carentes”, declarou
.André Gomes disse que não entende a política do governo sobre este assunto, descrevendo como “incompreensível” que o Algarve, por exemplo, não tenha tido a oportunidade de preencher cargos carenciados, como aconteceu na região do Alentejo e em áreas da Beira Interior e Trás-os-Montes.
“Isso não será alcançado por meio de tentativas de branqueamento, como o governo quer fazer, com questões como ULS [Unidade Local de Saúde], USF [Unidade Local de Saúde], modelos C, PPPs [parcerias público-privadas], não. Isso é apenas um encobrimento para os problemas dos usuários. O que os pacientes precisam são médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e assistentes técnicos”, enfatizou
.De acordo com o líder sindical, as horas extras no Algarve “deixaram de ser horas extras e se tornaram trabalho do dia-a-dia”, com profissionais sobrecarregados e tendo que ultrapassar o limite de 150 horas para garantir a segurança dos pacientes.
“Quem pode pagar o preço da habitação no Algarve? Portanto, o governo deve desenvolver medidas apropriadas para cada região do país, e é isso que está faltando”, explicou, observando que a população do Algarve triplica ou quadruplica
no verão.Alda Pereira, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), disse que as estimativas no Algarve apontam para uma escassez de cerca de 1.500 enfermeiras, reconhecendo que o “caos” prevalece no sistema de saúde do Algarve.
“Quando temos cerca de uma centena de enfermeiros nesta ULS que se eximiram da responsabilidade nas últimas semanas, eles já estão dizendo que o Algarve está completamente exausto, que os enfermeiros e todos os outros profissionais estão completamente exaustos”, argumentou.
De acordo com o dirigente sindical, alguns candidatos estão participando dos concursos abertos para profissionais de enfermagem, mas não têm como arcar com o custo de vida, especialmente moradia, para permanecer na região.
“Estou vindo morar no Algarve, vou trabalhar para a ULS Algarve. Quanto custa uma casa, quanto custa um quarto e quanto ganha uma enfermeira? Então, o problema não é o número de vagas, mas a falta de condições”, explicou.
A greve, marcada da meia-noite à meia-noite do dia 7 de agosto, foi convocada pelos três sindicatos.