Carla Rêgo é presidente da Health4Moz, uma associação cujo principal objetivo é garantir formação de qualidade a futuros médicos moçambicanos. A associação surgiu em 2013, “de uma forma muito espontânea”, como disse a médica ao The Portugal News.

Apoiar quem precisa

A profissional de saúde integra também o corpo docente da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP) e numa reunião com um reitor moçambicano descobriu que o país tinha alguns problemas a nível da saúde. Segundo Carla Rêgo, Moçambique não tem médicos suficientes para a população que tem. Por exemplo, para 15 milhões de crianças e jovens, existem apenas “87 pediatras.” O reitor partilhou o seu descontentamento também com a falta de docentes para ensinarem medicina a mais pessoas. Nesse contexto nasceu a Health4Moz, que de forma voluntária garante a formação de muitos estudantes de medicina nas universidades moçambicanas.

Ao longo de nove anos já foram feitas 61 missões em Moçambique, assim como foram apresentados 28 webinars, na altura em que a população não podia sair das suas casas devido às restrições para contenção da covid-19. No total, participam no projeto “mais de 200 médicos, enfermeiros e dentistas portugueses”, que trabalham de forma voluntária e dão formação em áreas “como pediatria, cardiologia, cirurgia, dentária, obstetrícia, cirurgia pediátrica, oftalmologia, endocrinologia e muitas outras”. Durante nove anos, a Health4Moz já conseguiu formar mais de “20 mil médicos, enfermeiros, dentistas e técnicos” em Moçambique.


Reconstrução de um hospital

Apesar do foco se manter na formação de novos médicos, a Health4Moz também atua de outras formas. Após o Ciclone Idai, que atingiu Moçambique em 2019, destruiu um dos principais hospitais do país, o Hospital da Beira. Segundo relatos de Carla Rêgo, o hospital “ficou bastante destruído”. A presidente da associação revela ainda que o teto do berçário ruiu e todos os pavilhões ficaram destruídos, apesar de ser necessário acudir pessoas em situação de urgência.

Nesse contexto de catástrofe ambiental, alguns profissionais de saúde, juntamente com a Ordem dos Médicos, criaram um movimento denominado Unidos pela Beira, que tinha como objetivo reconstruir todo o hospital. Durante esse processo, foram pedidos apoios à Câmara Municipal do Porto, que doou “100 mil euros” para reconstruir o bloco cirúrgico, que estava também destruído. Não obstante, o movimento enviou ainda profissionais de saúde, para apoiar os colegas moçambicanos.

Ao fim de três anos, o hospital está praticamente todo reconstruído, num investimento superior a dois milhões de euros, conseguido com o apoio de muitas entidades. Durante o processo de reconstrução, foi também feita a recuperação de um dos blocos para criar um centro de formação.


Apoiar a causa

Carla Rêgo menciona que as autarquias do Porto, Sintra, Coimbra e a empresa Visabeira foram dos principais responsáveis pela doação das quantias monetárias necessárias paras as obras que estão agora quase concluídas no Hospital da Beira.

No entanto, qualquer um pode fazer uma doação para a Health4Moz, a partir do seu website https://health4moz.com/

Há outras iniciativas para angariação de fundos como a Art4Moz, que junta artistas portugueses e moçambicanos que terão as suas obras disponíveis para venda, sendo que um determinado valor reverte para a Health4Moz.

A Health4Moz promete continuar a lutar pela formação daqueles que mais precisam, assim como apoiar Moçambique em todas as causa necessárias.


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Deeply in love with music and with a guilty pleasure in criminal cases, Bruno G. Santos decided to study Journalism and Communication, hoping to combine both passions into writing. The journalist is also a passionate traveller who likes to write about other cultures and discover the various hidden gems from Portugal and the world. Press card: 8463. 

Bruno G. Santos