Diminuiu para 50,2% o número de portugueses que dizem não necessitar de cuidados de saúde oral, no entanto, aumentou o número de portugueses que não tem dinheiro para ir dentista (29,5%).


Neste sentido, para o bastonário da OMD, Miguel Pavão, existe a necessidade de desmistificar conceitos. “É uma necessidade de todos desfazermos este preconceito de as pessoas dizerem que não necessitam, porque um dos papéis fundamentais [da saúde oral] é uma abordagem preventiva, de manutenção, em que a consulta no médico dentista de rotina é essencial”, defendeu à agência Lusa.


Miguel Pavão considerou também preocupante o número de pessoas que não vão ao dentista por razões económicas.“Há aqui um apelo a fazer à população que é, independentemente de estarmos todos mais sobrecarregados relativamente à questão da inflação, do aumento dos custos de vida, é fundamental e imprescindível termos uma abordagem preventiva que também é muito menos custosa” e pode prevenir problemas maiores, defendeu.


Este é um dos temas que vai estar em debate no congresso da OMD, cujo mote principal é a inter-relação da medicina dentária com a saúde geral e com as outras especialidades médicas, que decorre de hoje até sábado em Lisboa e tem mais de 4.800 inscritos.


Segundo o estudo, apenas 44,1% da população sabe que o Serviço Nacional de Saúde tem dentistas e destes só 6,9% recorreu ao SNS no último ano.


Miguel Pavão disse que estes dados são “o espelho de ausência de políticas durante 40 anos”, período em que a população sabia que se fosse ao hospital ou a um centro de saúde não tinham gabinetes de medicina dentária nem resposta de saúde oral.


“Hoje em dia ainda tem de uma maneira muito parca”, criticou, considerando que ainda “há muito trabalho” para fazer no setor público, onde há cerca de 140 dentistas.