Só em 2022, último ano com dados completos, foram exportadas 9,2 toneladas, um aumento de 1.207% em relação aos 709 quilos exportados em 2019, após a entrada em vigor da lei em 1º de fevereiro daquele ano.


Nos primeiros seis meses de 2023, foram exportadas 5,4 toneladas, o que representa 58,6% do total exportado em todo o ano de 2022.


No primeiro semestre do ano, os principais destinos para onde Portugal exportou canábis foram a Alemanha, Polónia, Austrália, Espanha e Malta, refere a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) num relatório feito à agência Lusa relativo aos cinco anos desde a aprovação da lei.


Atualmente, existem em Portugal 21 empresas com licenças de cultivo de canábis para fins medicinais, 13 de fabrico, 27 com licenças de importação e exportação e 15 de comercialização.


O Infarmed informou que está a avaliar três pedidos de autorização para colocar no mercado três substâncias e 12 preparações à base da planta da canábis.


Desde que foi aprovada a comercialização do primeiro, e até agora único, preparado à base de canábis em Portugal, em 2021, foram vendidas 1.913 embalagens do produto, que consiste em flores secas da planta 'Cannabis sativa', contendo 18% de tetrahidrocanabinol (THC) e menos de 1% de canabidiol (CBD).


Em Portugal, estão também autorizados e comercializados os medicamentos Sativex, para o tratamento de doentes adultos com espasticidade moderada a grave devido a esclerose múltipla, e Epidiolex, para epilepsia grave em crianças.


Dados do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR) da Associação Nacional de Farmácias, reportados à agência Lusa, indicam que, no total, já foram vendidas 3.321 embalagens dos dois medicamentos.


Tendo em conta os cinco anos da lei, a presidente da direção do Observatório Português da Canábis (OPC), Carla Dias, afirmou que "alguma coisa mudou, mas está longe de ser suficiente para os doentes".


"Em 2021 tivemos a primeira preparação à base da planta medicinal canábis de uma das empresas licenciadas, o que é ótimo, mas é uma solução que não é viável para todos os doentes porque é uma preparação ou uma substância que é uma flor, só que tem THC, e a via de administração para os doentes que a poderiam usar não é a mais viável", argumentou.


Carla Dias acrescentou que o OPC tem estado "em contacto permanente" com o Infarmed para tentar perceber porque é que não há mais preparações ou substâncias de empresas que estão a ser licenciadas e que já são mais de 20 em Portugal.


O observatório conseguiu perceber que "há algumas que não estão minimamente interessadas nos doentes portugueses", exportando tudo o que produzem a partir do cultivo.