Segundo a associação europeia de fabricantes automóveis (ACEA), Portugal está na lista dos países da União Europeia com carros mais antigos, ocupando o 11º lugar em 2020 entre os 27 países. Esta tendência de manter o carro velho parece sair ainda mais reforçada após a pandemia.

Desde que as duas últimas crises atingiram o país, tanto a crise financeira causada pelos efeitos da Troika como a crise sanitária provocada pela pandemia, que os portugueses estão a adquirir menos carros novos.

“Entre 2011 e 2021, a idade média dos carros ligeiros de passageiros passou de 10,5 para 13,5 anos, segundo a Associação Automóvel de Portugal (ACAP)”, avançou o jornal ECO.

Por sua vez, o rejuvenescimento da frota pode depender dos incentivos ao abate pois 2011 foi o primeiro ano sem o programa de incentivo de abate de veículos antigos, que proporcionava um desconto entre 1.000 e 1.250 euros na compra de um automóvel novo.

Nesse ano, que coincide também com o ano em que a troika entrou em Portugal, o mercado recuou 31,3%, de 223.464 para 153.486 unidades de ligeiros de passageiros. No ano seguinte, as vendas afundaram 37,9%, para 95.309 matrículas, número mais baixo desde a entrada na União Europeia, refere o jornal ECO.

Ao mesmo jornal, Helder Pedro, secretário-geral da ACAP, lamenta não haver qualquer estímulo à renovação dos carros, especialmente no Porto em Lisboa, onde o envelhecimento dos veículos é ainda mais expressivo.

Também o presidente da Associação Nacional do Ramo Automóvel, Rodrigo Ferreira da Silva, considera que “há um estímulo informal à importação de carros usados” e uma “quantidade considerável de comerciantes informais a passarem por consumidores para fugirem ao pagamento do IVA e IRC”, o que é causa para o envelhecimento dos carros, na sua opinião.

Entre os 5,41 milhões de carros ligeiros de passageiros matriculados em Portugal, mais de dois milhões (43,5%) contam com mais de 15 anos. Ou seja, pagam a tabela de imposto de circulação anterior a julho de 2007, que apenas incide sobre a cilindrada. “Os carros mais poluentes pagam menos imposto do que carros menos poluentes mais modernos”, lamenta o líder da ARAN.

“Os carros anteriores a 2007 também têm menos elementos de segurança, sendo mais suscetíveis a ficarem danificados em caso de acidente”, de acordo com o jornal ECO.

No entanto, nem tudo é mau. O ambientalista Francisco Ferreira, da associação Zero, relembra que, apesar do envelhecimento, “o parque automóvel do final de 2021 é bem mais amigo do ambiente do que o do final de 2011, sobretudo ao nível das emissões de dióxido de carbono e de outras partículas”.