A aplicação prevention4all, uma iniciativa da coordenação do Plano de Ação para o Envelhecimento Ativo e Saudável, em articulação com a Direção-Geral da Saúde, vai permitir que cada cidadão, na sua área pessoal, introduza os dados necessários para que, através da inteligência artificial, possa receber, por exemplo, sugestões sobre o melhor plano de exercício para o seu caso particular.

Em declarações à Lusa, o coordenador do plano, Nuno Marques, explicou que a aplicação vai agregar informação fiável sobre temas como a promoção do exercício físico, a prevenção de hábitos aditivos - como o tabaco e o álcool - e a nutrição, bem como as áreas das doenças cardiovasculares, oncologia, saúde mental, demências, doenças músculo-esqueléticas e vacinação.

"Se queremos que as pessoas participem ativamente, temos de dar outros passos. Para além da informação em si, precisamos de ter essa informação estruturada para que as pessoas possam esclarecer imediatamente as suas dúvidas", afirmou, sublinhando que tudo o que será disponibilizado é fiável, pois será publicado pelos coordenadores do plano, em conjunto com a própria DGS, contando também com as sociedades científicas de cada uma das áreas.

Recorrendo à inteligência artificial, para além de planos de exercício individualizados, consoante a zona onde a pessoa se encontra, a aplicação vai fornecer informação sobre os locais onde o pode fazer.

"Isto vai aumentar a participação das pessoas e a participação ativa num processo em que elas próprias se devem envolver, dentro da liberdade que cada um tem, mas de uma forma devidamente informada e capacitada", disse o responsável, rejeitando a ideia de que se trata de desresponsabilizar o sistema.

Segundo explicou, a aplicação, que começará a funcionar gradualmente no próximo ano (não terá todas as possibilidades de imediato), permitirá também alertas, consoante a faixa etária, sobre as vacinas a tomar, disponibilizando um 'link' para que a pessoa as possa marcar no centro de saúde.

Outra possibilidade é o envio de alertas para os rastreios oncológicos de base populacional que foram definidos, permitindo a emissão de pedidos e indicando os locais mais próximos disponíveis para a realização dos exames.

"Além de contribuir certamente para aumentar a participação, vai também melhorar a vida das pessoas no acesso à prevenção", afirmou Nuno Marques, explicando que a informação será depois transmitida para os sistemas de informação do Ministério da Saúde, "para que fique tudo registado", mesmo que a pessoa não tenha médico de família atribuído.

Questionado sobre questões de proteção de dados, disse que não se colocam porque é o próprio utilizador que, se assim o entender, fornecerá os seus dados pessoais.

"É uma plataforma desenvolvida para as pessoas e não para o sistema, o que é um paradigma um pouco diferente. A pessoa é que vai ficar com todos os dados", afirmou, acrescentando que a aplicação vai ter comunicação com os profissionais de saúde.

O responsável sublinhou ainda que medidas como esta aplicação - que pode ser utilizada por pessoas com mais de 18 anos - "podem ter um grande impacto na promoção da saúde e, portanto, na prevenção, evitando situações que levam à dependência mais tarde, identificando precocemente situações de doença enquanto são tratáveis".