“A Uber não fez nenhuma redução indiscriminada nas tarifas. Fazemos aumentos e reduções ocasionais nos diferentes componentes tarifários sempre que as condições do mercado o exigirem, frequentemente ao longo do ano”, disse uma fonte oficial da empresa de carona

compartilhada.

A Associação Portuguesa de Transportadores em Veículos Não Marcados (APTAD) enviou uma carta à Uber Portugal expressando sua “absoluta indignação com a nova redução unilateral de tarifas” pela plataforma.

A Uber achou estranho que “a APTAD tenha, mais uma vez, optado por enviar uma carta aberta à mídia em vez de endereçá-la” à própria empresa, acrescentando que não recebeu “nenhuma carta” da associação “sobre esse assunto”.

“Cada dia da semana, hora do dia e região do país é diferente e revisto de forma independente, com o objetivo de maximizar a renda dos motoristas, garantindo um equilíbrio entre oferta e demanda, um fator essencial para a disponibilidade de viagens e renda sustentável”, justificou a plataforma em comunicado enviado à Lusa.

A fonte da Uber frisou que a renda por meio da plataforma “vem aumentando” e, até 2025, “permitirá que motoristas, entregadores, operadores e comerciantes obtenham rendimentos superiores a um bilhão de euros”.

“Aumentar preços não é sinônimo de aumento de renda; o fator crítico é o equilíbrio permanente entre oferta e demanda e o crescimento da demanda, que atualmente está acima do crescimento da oferta”, esclareceram.

Além disso, a plataforma garantiu que “todas as informações sobre tarifas atuais”, bem como “informações relacionadas a cada solicitação de viagem (valor líquido, distância de coleta, distância da viagem, tempo estimado, endereços de coleta e entrega), são sempre apresentadas de forma transparente aos motoristas”, para que eles possam aceitar ou rejeitar cada serviço, “sem qualquer penalidade”.

A

parceira

Uber afirmou que “escuta regularmente motoristas e operadores de TVDE [sigla para transporte em veículos não marcados via plataformas eletrônicas] para melhorar sua experiência, reunindo-se frequentemente com vários parceiros do setor”, e que está disponível para se reunir novamente com a

APTAD.

Numa carta a que a Lusa teve acesso, o presidente da APTAD, Ivo Fernandes, disse que a decisão tomada pela Uber Portugal, “com o quilômetro caindo para 0,52€ e o minuto restante nos inaceitáveis 0,08€”, é “irresponsável, injustificável e revela um total desrespeito pelos motoristas e operadores que asseguram o serviço diariamente”. Na semana passada, a Uber e o Sindicato Nacional da Indústria e Energia (Sindel) assinaram um memorando de entendimento que define um novo modelo de trabalho por meio de plataformas digitais, com proteções adaptadas à realidade

desses trabalhadores.

O memorando também estabelece que a Uber garantirá que nenhum entregador ou motorista que opte por ser representado pela Sindel “receberá renda inferior ao salário mínimo nacional durante os períodos em que estiver prestando serviços por meio de suas plataformas, independentemente dos preços cobrados dos consumidores”.

Ivo Fernandes questiona que sentido faz baixar “ainda mais os preços” após o anúncio da Uber, há menos de uma semana, “garantindo que começaria a pagar de acordo com o salário mínimo”.

Portanto, ele exige que o governo, de forma clara e urgente, aja “imediatamente para mudar a lei”, considerando que “está mais do que demonstrado que a legislação atual dá cobertura total a essas práticas nocivas e deixa motoristas e operadores sem qualquer proteção”.

A Associação Nacional do Movimento TVDE (ANM-TVDE) também se manifestou sobre o acordo, lamentando que o Sindel, um sindicato que “deveria servir e proteger os trabalhadores em plataformas digitais”, tenha optado por atuar “como intermediário comercial” da Uber.